Policial militar transforma vivência pessoal em força para ajudar vítimas na Cabine Lilás em São Paulo

Imagem: SSP

Na manhã desta segunda-feira (13), a Polícia Militar (PM) destacou o trabalho da cabo Raianne Cavalcante, que atua no atendimento especializado da Cabine Lilás, no Comando de Operações da PM (Copom), na capital paulista. A policial transformou a dor de uma infância marcada por violência doméstica em motivação para acolher e orientar outras vítimas que enfrentam o mesmo tipo de agressão.

Criada por uma mãe solo que criou quatro filhos com coragem e determinação, Raianne conviveu, ainda criança, com um relacionamento abusivo dentro de casa. Com o tempo, viu a própria mãe romper esse ciclo. “Hoje, quando atendo essas mulheres, é na minha mãe que penso”, conta a policial, que é mãe de um menino de 5 anos.

Segundo ela, a maioria das ligações recebidas na central de emergência 190 é feita por mulheres que também são mães e cujos filhos presenciam as agressões. “Muitas relatam que os companheiros não têm empatia nem com os próprios filhos. Mas é nos filhos que elas encontram forças para denunciar e seguir em frente”, afirma Raianne.

A policial integrou a primeira turma treinada especificamente para atuar na Cabine Lilás, uma iniciativa implantada em março de 2024 que oferece atendimento exclusivo feito por policiais mulheres capacitadas sobre o tema da violência doméstica. Antes, o projeto era restrito à capital e à região metropolitana, mas já começou a ser expandido pelo interior do estado — como em São José do Rio Preto — com previsão de cobertura total até o fim do ano.

Raianne iniciou a carreira na Polícia Militar Rodoviária, migrou para o Copom e, ao saber do projeto, não hesitou em se candidatar. “Sabia que seria um desafio até pessoal. Mas transformei essa experiência em empatia, sensibilidade e força de vontade para tentar mudar a história de cada mulher que nos procura”, declarou.

O atendimento na Cabine Lilás é feito com escuta qualificada, paciência e acolhimento. As vítimas recebem orientação, podem registrar a ocorrência e, em casos necessários, são encaminhadas a medidas protetivas com monitoramento dos agressores por tornozeleira eletrônica, com aval da Justiça.

O trabalho da cabo Raianne é reflexo de uma política pública que busca oferecer não só resposta policial, mas também apoio humano e sensível diante da violência doméstica. “Meu filho me vê como uma heroína. Preciso fazer jus a isso todos os dias”, conclui.

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Sobre o autor:

Lucas Pereira
CEO do Policial Padrão, graduado em Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda (UNISAL 2010-2014), Superior em Técnico de Polícia Ostensiva e Preservação da Ordem Pública (PMESP 2014-2015).