Polícia prende pastor que mantinha sete pessoas em situação de trabalho escravo
A Polícia Civil (PC) de Rio Claro (SP) prendeu um pastor de 56 anos e resgatou sete pessoas em situação análoga à escravidão, no distrito de Itapé, nesta quinta-feira (15). Duas delas têm deficiência intelectual. O grupo trabalhava sem receber salário e dormia em um quarto em condições precárias, segundo o boletim de ocorrência.
O pastor deve passar por audiência de custódia. Segundo a defesa, ele nega as acusações e irá se manifestar somente em juízo.
Os policiais foram até à casa após o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) informar que havia uma antiga clínica de reabilitação, no bairro Alta Cajamara, que mantinha diversas pessoas em situação degradante.
No local, conhecido como ‘Casa da Paz’, os policiais foram recebidos pelo pastor. Ele alegou que o centro de reabilitação não funcionava mais, porém, alguns dos antigos internos ainda moravam ali pois teriam sido abandonados pelos familiares.
O pastor também informou que trabalhava com reciclagem e essas pessoas apenas auxiliavam nos serviços do sítio. As vítimas desmentiram os fatos ditos pelo suspeito.
Segundo a polícia, uma vistoria constatou que o dormitório das pessoas estava em condições inabitáveis, não possui ventilação, as camas ficavam amontoadas e algumas não tinham colchões, além de existir apenas um banheiro, em péssimas condições de uso.
As pessoas resgatadas estavam com medo de contar à polícia o que acontecia e sempre olhavam para os lados, apontando com o olhar para o pastor.
Cinco delas foram levadas até à delegacia e, separadas do pastor, contaram que trabalhavam de manhã até anoitecer e não recebiam nenhuma remuneração. Tinham apenas a comida de má qualidade e o local insalubre para dormir. Uma das vítimas, a mais idosa e debilitada, disse à polícia que muitas vezes dormiu sentada em uma cadeira.
Os resgatados disseram também que eram impedidos de sair do local e de manter comunicação com os familiares. Além disso, tinham que entregar os documentos ao pastor, que se dizia responsável pelo local.
O homem foi preso em flagrante por manter as vítimas em condição análoga à escravidão. Ele foi encaminhado à cadeia local.
Representantes do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) foram chamados para dar auxílio às vítimas.
A perícia foi acionada e compareceu ao sítio para constatar a situação em que as vítimas eram mantidas. As sete pessoas devem passar por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).