Laboratório de perfilamento criminal do DHPP ajuda a identificar autor de feminicídio na zona leste de São Paulo

Imagem: Polícia Civil/ SSP
Na manhã desta segunda-feira (21), a Polícia Civil (PC) revelou detalhes da investigação que levou à prisão do autor de um feminicídio ocorrido em julho do ano passado no bairro São Lucas, na zona leste de São Paulo (SP). A vítima, uma mulher de 35 anos, foi encontrada morta dentro de um carro, e o caso, inicialmente sem suspeitos, foi elucidado com o trabalho do Laboratório de Perfilamento Criminal do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Diante da complexidade do crime, o laboratório especializado foi acionado logo após o crime, atuando ainda no local dos fatos. A equipe utilizou técnicas de observação e análise comportamental para traçar o perfil do autor e da vítima, o que foi decisivo para o avanço das investigações.
Com base em vestígios da cena do crime, vídeos de câmeras de segurança, ferimentos na vítima e escolhas estratégicas do autor, o grupo conseguiu, em poucas horas, construir um perfil comportamental detalhado. A análise levou à exclusão de um primeiro suspeito e, posteriormente, à identificação de um homem que teve um relacionamento amoroso com a vítima.
O criminoso, ao ser investigado, apresentou 100% de compatibilidade com o perfil elaborado pelos peritos do laboratório. Ele foi preso e responderá por feminicídio.
O Laboratório de Perfilamento Criminal do DHPP é pioneiro no Brasil e atua há mais de um ano, com o objetivo de fornecer uma visão técnica e comportamental que complementa o trabalho de investigadores, delegados e peritos. Segundo o coordenador do grupo, o psicólogo e perito Christian Costa, a análise detalhada do comportamento do autor na cena do crime revela decisões que compõem um “DNA comportamental”.
Além do perfil do autor, a equipe também realiza o levantamento da vitimologia, que investiga as atitudes e condições da vítima antes do crime, permitindo uma reconstrução mais ampla do ocorrido. Segundo os especialistas, a conduta da vítima pode indicar como ela foi atraída, levada e, eventualmente, morta.
Composta por psicólogos, peritos, delegados, investigadores, estagiários, criminólogos e fotógrafos, a equipe já contribuiu para esclarecer 11 casos desde sua criação.
O trabalho do laboratório é pautado pela ética, legalidade e respeito aos direitos fundamentais, tanto da vítima quanto do investigado. “Nosso papel é técnico-científico e buscamos sempre evitar estigmas e preconceitos”, afirmou a diretora do DHPP, delegada Ivalda Aleixo.
A expectativa da Polícia Civil é que o setor continue ampliando sua atuação e desenvolva, em breve, uma metodologia própria adaptada à realidade criminal brasileira, com foco na eficácia investigativa e no respeito aos direitos humanos.