Na manhã desta sexta-feira (3), a Polícia Científica de São Paulo teve papel determinante nas investigações contra a falsificação de bebidas alcoólicas adulteradas como detectar metanol, após apreensão de mais de mil garrafas suspeitas no município de Diadema em São Paulo (SP) conforme matéria publicada no Policial Padrão. A atuação da instituição tem sido fundamental para detectar metanol e garantir a materialidade jurídica dos casos, por meio de exames laboratoriais de alta precisão.
Com o aumento dos casos de intoxicação por metanol no estado, o Governo de São Paulo criou um gabinete de crise na última terça-feira (30) e iniciou uma força-tarefa envolvendo a Polícia Civil, Secretaria da Fazenda, Procon-SP e vigilâncias sanitárias estadual e municipal. Como resultado, milhares de garrafas e lacres foram apreendidos em diversas cidades e dez estabelecimentos foram interditados cautelarmente por irregularidades sanitárias e suspeita de adulteração de bebidas.
As amostras das bebidas são encaminhadas ao Instituto de Criminalística, onde passam por duas etapas principais. No Núcleo de Documentoscopia, os especialistas analisam rótulos, selos e lacres em busca de sinais de falsificação, utilizando equipamentos como o Comparador Espectral de Vídeo. Um simples lacre falso pode indicar reutilização de garrafas originais com conteúdo falsificado.

Posteriormente, o material segue para o Núcleo de Química, onde são realizados exames laboratoriais para detectar metanol e outros produtos maligno ao corpo humano. Segundo os peritos, essa etapa é a mais complexa e essencial, já que não basta apenas detectar a substância — é preciso medir a concentração. O trabalho é realizado todos os dias da semana para acelerar os resultados.
De acordo com os especialistas, as bebidas analisadas recentemente apresentam níveis elevados de metanol, bem acima do que seria tolerável. A ingestão de 10 ml da substância pode causar lesões oculares graves, e doses a partir de 30 ml são potencialmente letais.
A comparação entre as amostras apreendidas e os padrões originais fornecidos por fabricantes é outro método utilizado para confirmar a adulteração. Esse trabalho minucioso é resultado de anos de experiência da Polícia Científica, que só em 2024 já analisou mais de 50 mil garrafas apreendidas em operações contra falsificação de bebidas.
Somente na semana passada, 4,5 mil garrafas foram apreendidas em diferentes cidades do estado, como Barueri, Americana, Dobrada e na capital paulista. O laudo técnico emitido pela Polícia Científica é indispensável para o andamento das investigações criminais e futuras responsabilizações.
Além das medidas policiais, o Governo de São Paulo reforçou os canais de denúncia. A população pode informar irregularidades pelo Disque Denúncia 181 ou pelo site da Polícia Civil (www.webdenuncia.sp.gov.br), além dos canais do Procon (Disque 151 e www.procon.sp.gov.br).
A Secretaria da Saúde também reforçou o alerta à população sobre os riscos da ingestão de metanol, que pode estar presente em bebidas clandestinas. Entre os sintomas estão dor abdominal intensa, tontura, confusão mental e alterações na visão. O atendimento médico nas primeiras 6 horas após os sintomas é crucial.
O estado conta com três laboratórios de análise toxicológica — em Campinas, Botucatu e Ribeirão Preto — capazes de emitir laudos de sangue e urina em até uma hora, reforçando a resposta rápida diante da crise de saúde pública causada por bebidas adulteradas.