Monitoramento da PM ajuda desvendar esquema de fraudes em licitações
Um monitoramento realizado pela Polícia Militar (PM) ajudou a desvendar um esquema de fraudes em licitações públicas com a participação de empresas em nomes de laranjas no Estado de São Paulo. Nesta terça-feira (16), a polícia cumpriu de 42 mandados de busca e apreensão e 15 de prisão temporária na chamada Operação Munditia, que apura envolvimento de facção criminosa em contratos públicos.
Alguns dos alvos, ligados à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), tiveram as comunicações interceptadas há alguns meses. “Esse monitoramento levou a identificação do esquema criminoso liderado por pessoas ligadas à facção criminosa”, explicou o coronel Emerson Massera.
Cerca de 200 policiais participaram da ação, que incluía agentes por Batalhão de Choque, em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Uma central de monitoramento acompanhou em tempo real o deslocamento dos policiais pelas cidades alvo das buscas. Conforme o balanço, 13 pessoas foram presas. Entre elas, três vereadores e um advogado, além de agentes públicos.
Os policiais estiveram em 11 prédios públicos, 21 conjuntos residenciais e dez comerciais e recolheram quatro armas, de calibres 380, .40, 38 e 9 milímetros, mais de 200 munições, 22 celulares e notebooks. Também encontraram dinheiro: R$ 3,5 milhões em cheques, R$ 600 mil em espécie e quase 9 mil dólares.
A operação apura o envolvimento de integrantes do PCC na disputa de licitações públicas de prefeituras do estado de São Paulo. Estão sob investigação contratos nas cidades de Guarulhos, São Paulo, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Arujá, Santa Isabel, Poá, Jaguariúna, Guarujá, Sorocaba, Buri e Itatiba, entre outras, que passam dos R$ 200 milhões.
Como funcionava o esquema de fraudes
Ainda segundo o Gaeco, as investigações desvendaram que o esquema tinha três núcleos compostos por empresários e funcionários das empresas, advogados e agentes políticos e servidores públicos, favorecendo a contratação das investigadas ligadas ao crime organizado.
A investigação apontou que a estrutura criminosa simulava concorrência pública com empresas parceiras ou de um mesmo grupo econômico. Também há indicativos da corrupção sistemática de agentes públicos e políticos e diversos outros delitos – como fraudes documentais e lavagem de dinheiro.
As empresas investigadas atuavam de forma recorrente a frustrar a competição de contratações de mão-de-obra terceirizada no estado, diversas prefeituras e câmaras.
A denominação, “Muditia”, alude ao grupo econômico investigado e aos principais contratos de mão-de-obra terceirizada voltados à limpeza.