A frase “cerveja tem metanol” explodiu nas buscas do Google nas últimas semanas, provocando alarme entre consumidores de bebidas alcoólicas. O alerta veio após novas operações em postos de combustíveis, casos de internação e mortes por ingestão de bebidas adulteradas e a internação do rapper Hungria, que apresentou sintomas compatíveis com envenenamento por metanol.
Com a substância altamente tóxica em evidência, aumentaram as dúvidas: afinal, o que é metanol? Ele pode estar em bebidas como cerveja? Quais os riscos para a saúde? E há envolvimento do crime organizado na distribuição dessa substância?
Esta matéria especial responde a tudo isso — com base em informações oficiais, investigações policiais, posicionamentos de especialistas e dados de saúde pública.
O que é metanol e por que ele é perigoso?
O metanol, também conhecido como álcool metílico, é uma substância química extremamente tóxica para o corpo humano. Embora seja semelhante ao etanol (álcool comum usado em bebidas), o metanol é utilizado na indústria como solvente, em tintas, vernizes, removedores, produtos de limpeza pesada e como aditivo em combustíveis.
Ingestão ou inalação de metanol pode causar:
- Cegueira permanente
- Danos neurológicos irreversíveis
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Falência renal e hepática
- Convulsões
- Coma e morte
Metanol em postos de combustível: fraudes e quadrilhas
A ANP (Agência Nacional do Petróleo), em parceria com o Ministério Público e forças policiais estaduais, realizou dezenas de operações entre 2023 e 2025 para combater fraudes em postos de combustíveis. A principal descoberta: postos estavam vendendo metanol disfarçado de etanol, enganando consumidores e colocando em risco a saúde de frentistas e motoristas.
O uso de metanol, além de ser proibido como combustível veicular, é altamente tóxico por inalação e contato com a pele. Frentistas passaram a apresentar sintomas como tontura, vômito e irritação ocular — o que chamou a atenção das autoridades.
Em 2024, mais de 200 mil litros de metanol adulterado foram apreendidos só no estado de São Paulo.
Metanol em bebidas alcoólicas: tragédia anunciada
Mais alarmante ainda foi o uso de metanol em bebidas falsificadas, especialmente em:
- Cachaças artesanais
- Vodcas de baixa qualidade
- Bebidas vendidas em festas clandestinas
- Energéticos misturados com álcool adulterado
Em vários estados, como Pernambuco, Goiás, São Paulo e Maranhão, pessoas morreram após ingerir bebidas contaminadas com metanol. Outras sofreram:
- Perda de visão
- Problemas respiratórios
- Parada cardíaca
- Danos cerebrais
A contaminação é muitas vezes intencional, feita por produtores clandestinos que usam metanol para aumentar o teor alcoólico de forma barata — colocando vidas em risco.
Cerveja tem metanol? Especialistas explicam
A dúvida que assusta os consumidores: cerveja pode conter metanol?
Segundo especialistas em toxicologia e fiscalização da Anvisa:
“Cerveja, por ser uma bebida fermentada e não destilada, tem risco praticamente nulo de conter metanol em sua composição natural.”
A fermentação da cevada e outros cereais não produz metanol em quantidade significativa. O perigo está nas bebidas destiladas e produzidas sem controle, como cachaças, vodcas e licores artesanais.
Porcentagem de risco:
Tipo de bebida | Risco de conter metanol |
---|---|
Cerveja industrializada | Menos de 0,01% |
Cerveja artesanal certificada | Muito baixo |
Cerveja artesanal irregular | Baixo, mas existente |
Vodca e cachaça clandestinas | Alto |
Caso Hungria: rapper foi intoxicado por metanol?
O rapper Hungria Hip Hop foi internado no fim de setembro de 2025 após participar de um evento onde consumiu bebidas supostamente contaminadas. O artista apresentou:
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Confusão mental
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Náuseas severas
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Visão turva
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Falta de ar
Exames identificaram a presença de traços de metanol no sangue. Ele foi tratado com fomepizol, antídoto usado para intoxicações graves por metanol. Até o fechamento desta matéria, Hungria estava estável e em recuperação, sem sequelas aparentes.
A Polícia Civil do DF investiga o caso e apura a origem das bebidas consumidas no evento.
Teoria da conspiração: ataque criminoso com metanol?
A coincidência entre a repressão a postos de combustíveis adulterados e a distribuição de bebidas contaminadas com metanol acendeu um alerta em órgãos de segurança. Segundo investigações em curso, organizações criminosas estariam usando metanol propositalmente como forma de retaliação ao Estado.
A teoria sustenta que, após a prisão de líderes do tráfico de combustível adulterado, criminosos passaram a infiltrar metanol em bebidas comercializadas em larga escala, atingindo consumidores finais.
Apesar de ainda não confirmada oficialmente, a hipótese está sob apuração da inteligência policial, inclusive com o cruzamento de rotas de distribuição do metanol e pontos de venda de bebidas.
Como evitar a ingestão de metanol
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Compre bebidas apenas de marcas registradas e locais confiáveis
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Desconfie de preços muito baixos ou embalagens sem rótulo
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Evite bebidas artesanais desconhecidas
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Em eventos, leve sua bebida ou consuma produtos lacrados
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Ao sentir sintomas (náusea, dor de cabeça forte, visão turva), procure atendimento médico imediato
FAQ — Perguntas frequentes
Cerveja tem metanol?
Não. A cerveja é fermentada, e o processo natural não gera metanol em níveis significativos. O risco é praticamente nulo nas versões industrializadas.
Quais bebidas têm mais risco de conter metanol?
Destilados como cachaça, vodca, conhaque e licores artesanais, principalmente se forem produzidos ilegalmente.
O metanol é usado como combustível?
Sim, em alguns contextos industriais. Mas é proibido como substituto do etanol em veículos, embora criminosos tenham feito isso em fraudes recentes.
O que fazer se ingerir metanol acidentalmente?
Procurar um hospital imediatamente. O tratamento exige antídotos específicos e cuidados intensivos.