Na manhã desta terça-feira (30), a Polícia Civil de São Paulo, por meio do DEIC, deflagrou uma operação em Americana (SP) contra a falsificação de bebidas alcoólicas e Fábrica clandestina.
O local funcionava como uma Fábrica clandestina de uísque, gim e vodka adulterados.
Foram apreendidas mais de 17,7 mil unidades entre garrafas e insumos, com indícios de que a bebida estava “pronta” para comercialização.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em três endereços relacionados à estrutura clandestina.
A investigação apontará quem são os responsáveis, qual o grau de distribuição (estadual, regional) e se houve participação de redes de venda locais.
Casos hospitalares e intoxicações recentes no Estado de São Paulo
Este caso em Americana ocorre em momento crítico, com casos suspeitos de intoxicação por metanol emergindo em várias regiões de SP.
Casos suspeitos recentes de intoxicação por fábrica clandestina de bebidas falsas
- O estado já soma três mortes sob suspeita de consumo de bebida adulterada com metanol: duas em cidades do ABC Paulista e uma na capital.
- Um homem de 45 anos faleceu no domingo (28) em São Bernardo do Campo; outro de 58 já havia sido atendido dias antes no mesmo município.
- Um jovem de 23 anos, Diogo Marques, relatou ter se intoxicado apesar de a garrafa estar lacrada e ser de marca famosa — o que mostra o risco até com produtos aparentemente legítimos.
Histórico de casos com metanol em SP
Não é inédita a ocorrência de bebidas adulteradas com metanol no estado. Em 1992, quatro pessoas morreram e outras dezenas tiveram sintomas — nessa ocasião, laudos apontaram contaminação por metanol.
Isso reforça que o problema é antigo, e que fiscalizações e denúncias devem ser contínuas.
Efeitos nocivos do metanol e outras substâncias adulterantes
O que é o metanol e por que é tão perigoso
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- O metanol (álcool metílico) é metabolizado no corpo transformando-se em formaldeído e ácido fórmico, substâncias altamente tóxicas.
- Mesmo ingestão relativamente pequena (alguns mililitros, dependendo da concentração) pode causar cegueira permanente e morte.
- Os sintomas iniciais podem aparecer de 12 a 24 horas após o consumo.
- Entre os efeitos: dor de cabeça, náuseas, vômitos, dor abdominal, alteração da consciência, confusão, convulsões, acidose metabólica e falência orgânica (renal, hepática).
- No sistema visual, pode haver edema do disco óptico, escotomas, lesão no nervo óptico e cegueira prolongada.
- O tratamento médico inclui administração de antídotos (etanol ou fomepizol) e hemodiálise para eliminar o metanol e seus metabolitos
Outras substâncias usadas em bebida adulterada
- Álcool não destinado ao consumo humano (álcool veicular, por exemplo) pode ser usado como “base barata”.
- Solventes, álcoois secundários ou impurezas químicas mal controladas são adicionados para “render” mais produto.
- Metais pesados, substâncias tóxicas não-controladas e contaminações ambientais também agravam os efeitos.
Essas misturas amplificam os danos: além dos efeitos depressivos do álcool etílico, há o impacto orgânico das toxinas.
Alerta imediato à população
Se você experimentar sensação de embriaguez intensa prematuramente, diferente do que esperava (mais forte, rápida, fora do usual), pare de beber imediatamente.
Procure atendimento médico urgente — informe ao médico que pode ter havido intoxicação por bebida adulterada.
Registre denúncia imediata à Polícia Civil, à Vigilância Sanitária ou ao posto policial local. Isso pode salvar vidas.
Evite consumir bebidas de procedência duvidosa, preço muito baixo ou rótulos com selo irregular.
Contexto nacional e casos emblemáticos envolvendo bebidas falsificadas
- Em 2020, o caso da Cervejaria Backer (MG) ficou conhecido após mortes e internações por contaminação com dietilenoglicol/monetilenoglicol — substâncias químicas não permitidas em bebidas.
- O Brasil já teve casos regionais de “cachaça da morte”, como na Bahia/Piauí em 1990, com dezenas de mortes por bebida adulterada com substâncias tóxicas.
Esses episódios mostram que tragédias graves já ocorreram e reforçam a necessidade de vigilância contínua e também investigações que já são feitas em adegas, baladas e Fábrica clandestinas de bebidas pela Polícia Civil.