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    O Carioba: Autismo e Mediação: do encerramento em si ao contato

    PORLucas Pereira

    23/03/2021 12:31

    O Carioba: Autismo e Mediação: do encerramento em si ao contato

    Aller Editora publica livro de Isabelle Orrado e Jean-Michel Vives, renomados psicanalistas franceses, que aborda maneiras de melhorar a relação do sujeito autista com o mundo

    Capa do livro (Imagem: Divulgação Ocarioba.com.br)

    A repetição é um mecanismo importante em todo processo de aprendizagem. Por exemplo, quando a criança aprende a pular, ela vai reproduzir esse movimento diversas vezes até dominá-lo – igual ao que os atletas fazem para melhorar seus desempenhos. O jogador de basquete vai treinar arremessos repetindo inúmeras vezes o movimento. A repetição permite aqui aperfeiçoar o domínio do gesto. – Autismo e Mediação (Aller Editora)

    Mas e quando a repetição não gera o aprimoramento do gesto? Os psicanalistas franceses Isabelle Orrado e Jean-Michel Vives, no recém-lançado Autismo e Mediação – publicado pela Aller Editora –, refletem sobre o que significa a repetição na clínica do autismo e como utilizá-la a favor do tratamento do sujeito.

    Segundo os autores, a priori repete-se com o fim de aperfeiçoar um gesto. Mas, para tanto, o processo deve ser modificado a cada vez que é realizado, o que não ocorre com os sujeitos autistas, para os quais repetir é encerrar-se numa teia segura de sentidos e significados e colocar-se fora do tumulto do mundo exterior, cujos estímulos eles não conseguem suportar. Dessa forma, como adentrar o universo particular de cada sujeito e utilizar seus signos próprios para mediar a comunicação deste com o mundo?

    Entre os casos clínicos analisados, está o do pequeno Leo, menino autista de 4 anos que realiza um movimento de vaivém ininterrupto com seu carrinho de brinquedo, sem um objetivo além da própria repetição, comportamento este designado por Freud como “repetição coercitiva”. Quais sentidos Leo confere a esse vaivém é o enigma que os terapeutas tiveram que decifrar.

    Eles constataram, assim, “que as pessoas autistas intensificam os seus recursos às estereotipias em momentos em que o mundo delas é refratado”, isto é, quando o mundo do autista é perturbado, ele se encerra mais ainda em si mesmo e em suas repetições. O trabalho do terapeuta é, portanto, interpretar o sentido da repetição e utilizá-lo para mediar o contato entre o autista e seu entorno.


    Sobre a editora: A Aller Editora oferece em seu catálogo obras que se debruçam sobre os temas cruciais da teoria e da prática clínica, desde seus fundamentos até as repercussões dos debates atuais sobre o sujeito contemporâneo. Inspirada pelo verbo francês aller, que significa “ir”, a casa editorial convida leitores, atuantes na área de psicanálise ou não, a percorrer caminhos que cruzam fronteiras e a embarcar nesse desafio que é ler como movimento.

    Sobre o autor: Jean-Michel Vives é psicanalista e professor de Psicopatologia Clínica na Universidade Côte d’Azur (França). É membro do movimento Insistance em Paris e do Corpo Freudiano – RJ (Brasil). No Brasil, Vives publicou os livros A voz no divãA voz na clínica psicanalítica e Variações psicanalíticas sobre a voz e a pulsão invocante.

    Sobre a autora: Isabelle Orrado pratica a psicanálise em Nice, é membra da Escola da Causa Freudiana e da Associação Mundial de Psicanálise. Ensina Psicologia Clínica e Patológica na Universidade Côte d’Azur.

    Fonte/Texto: O Carioba.

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