Na manhã desta terça-feira (5), a Polícia Civil (PC) deflagrou uma operação contra uma organização criminosa de falsificação de medicamentos, especializada na falsificação e comercialização ilegal de medicamentos, como anabolizantes e emagrecedores, em São Paulo e outros 12 estados brasileiros.
A ação foi coordenada por agentes da 1ª Central Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Cerco), após cerca de um ano de investigações. Segundo as apurações, a quadrilha utilizava uma empresa clandestina para produzir os medicamentos sem qualquer autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), vendendo-os diretamente a consumidores finais, sem exigência de receita médica.

Ao todo, foram expedidos 85 mandados de busca e apreensão e 35 de prisão temporária. Só no estado de São Paulo, 57 ordens judiciais foram cumpridas em diversas cidades, incluindo a capital, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Cotia, São Caetano do Sul, São José dos Campos, Jacareí, Campinas, Jundiaí, Louveira, Sumaré e São José do Rio Preto. A operação contou com o apoio de todos os departamentos de Polícia Judiciária das regiões envolvidas.
Além de São Paulo, os mandados foram executados no Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, Mato Grosso, Amazonas, Espírito Santo, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Para o cumprimento das ordens judiciais, foram mobilizadas 255 equipes compostas por três policiais cada.
De acordo com o delegado responsável pela operação, os envolvidos movimentaram R$ 25 milhões nos últimos cinco anos com a atividade criminosa. A operação teve início às 6h, após uma reunião de alinhamento das equipes, e segue em andamento para identificar outros envolvidos no esquema.
PROCURADOS PELA INTERPOL POR FALSIFICAÇÃO DE MEDICAMENTOS
A operação, que já havia sido deflagrada em território nacional, ultrapassou fronteiras e chegou ao Paraguai, onde um homem de 33 anos e uma mulher de 27 foram detidos. De acordo com as investigações, o casal liderava o esquema e havia se mudado recentemente para o país vizinho, de onde continuava coordenando o comércio ilegal dos medicamentos.
Segundo o delegado Ronald Quene, coordenador da operação, os dois solicitaram cidadania paraguaia para escapar da Justiça brasileira e dificultar a extradição. Para impedir uma possível fuga, a Polícia Civil paulista acionou a Interpol e solicitou a inclusão dos nomes dos suspeitos na lista de procurados internacionais. A polícia local efetuou as prisões, e o casal será transferido ao Brasil nesta quarta-feira (6).
As investigações apontam que os dois atuavam juntos há pelo menos dez anos no esquema criminoso. O homem, inclusive, já havia sido processado anteriormente pelo mesmo tipo de crime em 2021. Com base nos dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), foi constatado que a quadrilha movimentou cerca de R$ 25 milhões nos últimos cinco anos.
Os medicamentos eram produzidos de forma clandestina e vendidos pela internet diretamente aos consumidores, sem qualquer exigência de receita médica de controle especial. Diante disso, a Polícia Civil também solicitou uma medida técnica para retirar do ar o site utilizado pela organização criminosa para comercializar os produtos. As investigações continuam com o objetivo de identificar e prender outros envolvidos.