PMs concluem curso para ampliar atendimento na Cabine Lilás

    Projeto começou em março na capital visando mulheres vítimas de violência e agora se estenderá para todo o Estado

    PORPatrícia di Sanctis

    29/10/2024 13:11
    Atualizado em 29/10/2024 13:16

    PMs concluem curso para ampliar atendimento na Cabine Lilás

    PMs concluem curso para ampliar atendimento na Cabine Lilás

    Atendimento da Cabine Lilás funciona na central do 190 (Foto: Governo de São Paulo)

    Um grupo de 28 policiais concluiu na sexta-feira (24), o curso de capacitação para o atendimento na Cabine Lilás, que agora se estenderá por o Estado de São Paulo. O projeto criado em março deste ano pelas secretarias de Segurança Pública e de Políticas para a Mulher visa atender vítimas de violência doméstica.

    A formatura do Programa Complementar de Treinamento da Cabine Lilás aconteceu no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) de São Paulo.

    Durante uma semana, as policiais receberam aulas de psicologia, direito, redes de apoio, medidas protetivas e funcionamento das Delegacias da Defesa da Mulher.

    De acordo com a disse a secretária de Políticas para a Mulher, Valéria Bolsonaro, o trabalho é intenso para que a mulher do Estado de São Paulo saiba onde buscar acolhimento e segurança. “Para que ela possa ficar mais tranquila, e isso para a gente é um orgulho” explicou.

    O Governo de São Paulo reforçou as políticas de apoio às mulheres e aumentou a visibilidade sobre a rede de proteção com o movimento SP Por Todas, lançado em março deste ano. Além de mais segurança, a ação foca na autonomia profissional, auxílio para moradia e apoio à saúde feminina.

    Contato mais humano

    Uma das formandas foi a sargento Arlete de Azevedo. Ela trabalha há três anos e meio como supervisora de atendimento no Copom de São José do Rio Preto (SP).

    De acordo com a sargento, uma das vantagens da Cabine Lilás é que agora você tem mais tempo e preparo para orientar a vítima. “Isso ajuda a tornar o contato mais humano, para ouvir desabafos e acolher a vítima que está passando por um dos piores momentos da vida”.

    Além disso, o curso ensinou os fatores comportamentais na hora de atender a ligação. Isso inclui a melhor forma de conversar, se expressar e o tom de voz adequado. Tudo para garantir que a mulher vítima de agressão receba um serviço especializado e humanizado ao ligar no 190.

    PMs concluem curso para ampliar atendimento na Cabine Lilás
    28 policiais concluíram o curso de capacitação (Foto: SSP)

    Entre os formandos, estão 18 militares do interior paulista que voltarão aos seus respectivos Copons, nas regiões de São José dos Campos, Campinas, Ribeirão Preto, Bauru, São José do Rio Preto, Santos, Sorocaba, Presidente Prudente, Piracicaba e Araçatuba. Ainda não há data para o início dos atendimentos, que acontecerão gradativamente.

    As outras dez policiais se juntarão à equipe que já trabalha na cidade de São Paulo e na região metropolitana desde o início de março. O grupo atualmente conta com 25 agentes.

    Conforme o comandante do Copom de São Paulo, coronel Carlos Henrique Lucena, a Cabine Lilás consegue centralizar em um único lugar todas as iniciativas do Estado de proteção à mulher.

    “Temos a Casa da Mulher Brasileira, o plantão presencial e virtual das Delegacias de Defesa da Mulher (DDM), as casas de acolhimento, entre outros. Cerca de 30% das vítimas conseguem quebrar o ciclo de violência por conta dessas orientações que fazem a diferença para salvar vidas”, diz o coronel.

    Mais de 4 mil atendimentos

    De acordo com o balanço do Governo, a Cabine Lilás já atendeu mais de 4,3 mil chamados por meio do número 190 em sete meses. Foram 2,5 mil orientações sobre como obter a medida protetiva.


    PMs concluem curso para ampliar atendimento na Cabine Lilás
    Cabine Lilás já atendeu mais de 4,3 mil chamados (Foto: SSP)

    Entre esses casos, 124 agressores foram conduzidos à delegacia com o apoio das operadoras da cabine por descumprimento das regras impostas pela Justiça. 21 deles permaneceram presos.

    O serviço de proteção e rede de apoio à mulher pode ser solicitado pela própria vítima ou ser ofertado pelo atendente, caso a mulher queira falar diretamente com uma policial ou se tiver dúvidas em relação a quais medidas adotar caso seja agredida.

    A cabo Raiane Cavalcante, que fez parte da primeira turma do programa explicou que em quase todas as vezes, as mulheres ligam após uma agressão, quando o suspeito já deixou o local.

    “Enquanto a gente despacha a viatura até o endereço, ficamos com a pessoa na linha dando apoio psicológico e passando as orientações”, comenta.

    A militar também reitera que muitas vítimas ligam já fragilizadas e com vergonha de irem até a delegacia. Em seguida, as agentes orientam a abrir um boletim de ocorrência sem sair de casa, por meio do aplicativo SP Mulher Segura. A denúncia é direcionada diretamente para a DDM Online.

    Em alguns casos, as vítimas fogem de casa depois da agressão e não têm para onde ir. Ao ligar na central 190, a Cabine Lilás encaminha a vítima para uma rede de abrigo. Posteriormente, ela recebe orientações sobre como obter o auxílio-aluguel, fazer cursos profissionalizantes e a recolocação no mercado de trabalho.

    Combate à violência contra a mulher

    Nos primeiros oito meses do ano, 122 mil boletins de ocorrência de violência doméstica foram registrados em todo o território paulista. Além da Cabine Lilás, o estado disponibiliza 141 DDMs territoriais — sendo que 11 funcionam 24 horas – e 142 salas DDMs instaladas estrategicamente em plantões policiais, possibilitando que a vítima seja atendida por videoconferência por uma equipe especializada.

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    Projeto começou em março com 25 agentes (Foto: SSP)

    Como as subnotificações para o crime ainda são altas, o Governo de São Paulo promove campanhas para incentivar as vítimas a denunciarem os agressores.

    Uma dessas frentes foi o lançamento do aplicativo SP Mulher Segura. Ele permite não apenas o registro do boletim de ocorrência de forma online, como também possui um botão de pânico para emergências e realiza de forma ininterrupta o monitoramento do agressor com tornozeleira eletrônica, o que permite uma rápida ação da polícia em caso do infrator tentar se aproximar das vítimas que possuem medidas protetivas.

    Também houve a criação do auxílio-aluguel de R$ 500 para vítimas de violência doméstica, a ampliação de linhas de crédito e as entregas das Casas da Mulher Paulista, que oferecem serviços de apoio psicológico e capacitação profissional.

    Já o protocolo Não Se Cale serve para acolhimento imediato e combate à importunação sexual em bares, restaurantes, casas de show e similares, formando equipes em um curso online oferecido gratuitamente aos profissionais do setor.

    São Paulo por Todas

    São Paulo Por Todas é um movimento promovido pelo Governo do Estado de São Paulo para ampliar a visibilidade das políticas públicas do estado para mulheres, bem como a rede de proteção, acolhimento e autonomia profissional e financeira exclusivamente disponíveis para elas.

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