Caso Lázaro Barbosa, se você sentiu empatia, você…
Acompanhamos na última semana a polícia no encalço, na batida, na trilha, do homicida Lázaro Barbosa, vimos uma perseguição “cinematográfica” que depois de 20 (vinte) dias de intensa busca, foi localizado, cercado e após revide foi morto pelos policiais, aquele que até então era o criminoso mais procurado do país nos últimos dias.
A pergunta que fica após o episódio é: “você sentiu empatia por Lázaro Barbosa?” se sim, Não sinta-se culpado por este sentimento, pois ele tem nome e sobrenome, isso está muito próximo da Síndrome de Estocolmo (e pode ser explicado), mas o que isso significa?
“Síndrome de Estocolmo é um estado PSICOLÓGICO em que a pessoa submetida a intimidação, medo, tensão e até mesmo agressões, passa a ter empatia e sentimento de AMOR e amizade por seu AGRESSOR”.
O nome vem do primeiro caso registrado da síndrome na cidade de Estocolmo na Suécia, durante um roubo a banco uma jovem vítima de sequestro, passou tanto tempo com o sequestrador que acabou desenvolvendo sentimentos por seu algoz.
Ok, mas o que tenho com isso? Você pode questionar! Claro que para a Síndrome de fato ser diagnosticada, o contato pessoal deveria existir. Ocorre, que de certa forma todos fomos e somos reféns deste tipo de caso e ocorrências no Brasil. A imprensa cobre o fato de forma a “enaltecer”, “aplaudir”, “estimar” (ainda que para você de forma involuntária). As emissoras iniciam uma corrida para apresentarem a história de sua família, a infância, os amigos, o cotidiano do indivíduo. Assim, o telespectador começa a sentir simpatia, afeição, interesse, empatia pelo agressor já que não se apresenta mais seus crimes, mas sua história. Em alguns países a imprensa não divulga o nome do indivíduo em casos semelhantes, para o público não desenvolver este sentimento involuntário e assim o autor permanecer incógnito e anônimo.
Agora que conhecemos o básico da essência da Síndrome de Estocolmo, para sermos justos e imparciais, avaliemos com o mínimo de empatia também o lado humano do estado, o braço forte, o defensor do cidadão de bem, o Policial envolvido na mega operação. Lázaro não foi morto de qualquer jeito como alguns julgaram! Ele foi morto da maneira que ele próprio antepôs, com sua soberba, empáfia e brutalidade que apresentou durante sua vida e sua fuga.
Façamos uma experiência: imagine VOCÊ ser um policial aplicado, envolvido, comprometido e designado na busca, VOCÊ, policial, tem um fuzil na mão, sua família em casa e uma mata a frente, com um psicopata especialista em caçar, estuprar, matar e fugir!
Lembro que o assassino já era procurado pela justiça, após fugir do presídio onde cumpria pena por duplo homicídio, vivia tranquilo nas ruas de Brasília, acostumado com a tolerância de seus familiares e a sensação de impunidade da justiça, decidiu roubar mais uma família ( não se sabe ainda se por vontade própria ou a mando de alguém), matando o pai, os dois filhos e levando a mãe (vítima) consigo, matando-a também e deixando o corpo nu próximo a um riacho.
Na sequência da fuga, após tentativa de abordagem dos policiais, ele atirou e feriu dois policiais (seus parceiros, que poderiam ser você) com disparos de arma de fogo, sequestrando e ameaçando pessoas e caseiros humildes nas proximidades, dando um recado claro de que não seria preso sem revidar, dando o recado de que “vou mas levo comigo mais alguns”.
Lembre-se que VOCÊ (o policial) que está no encalço deste marginal (aquele que vive as margens da lei), após 20 dias ininterruptos, dois confrontos diretos, um jogo de gato e rato exaustivo, estará mais uma vez “cara a cara” com aquele que certamente “quer levar mais um” e se for da força do estado melhor. Pergunto: “Como será a abordagem?”, certamente é uma abordagem que foge à regra, é a exceção à regra, caso não seja enérgica o suficiente para a segurança da equipe a baixa é certa, a baixa é VOCÊ!
O fato é que todos temos direitos e também deveres, temos a lei do retorno, nada é castigo, mas tudo é consequência das escolhas, dos atos, das propensões. Temos o livre arbítrio de escolher como viver e até como morrer. Certo afirmar que todo este cenário circundou, cingiu e envolveu muita inquietação, ansiedade, comoção, emoção, aflição, angustia, medo, desassossego e adrenalina.
Agora você já conhece a síndrome de Estocolmo e também o mínimo da realidade de homens e mulheres policiais que dias a fio, sem interrupção e sem descanso deram o melhor de si em prol do sossego alheio e graças ao bom Deus voltaram para suas famílias incólumes, ilesos, salvos e íntegros, sabe por quê?
Porque está escrito:
“Se o ladrão for achado roubando, e for ferido, e morrer, o que o feriu não será culpado do sangue”. (Êxodo 22-2).