Na manhã desta quarta-feira (3), a Polícia Civil (PC), por meio da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Americana, apreendeu aproximadamente uma tonelada de suplementos alimentares e produtos terapêuticos irregulares durante a Operação Rótulo Falso, em um galpão no bairro Jardim Terramerica III em Americana (SP).
De acordo com a investigação, a Operação Rótulo Falso foi deflagrada para apurar denúncias de fabricação e comercialização clandestina de suplementos alimentares e produtos destinados a fins terapêuticos e medicinais, sem qualquer controle sanitário. As informações iniciais apontavam para um esquema de venda em larga escala, com promessas de cura de doenças e alívio imediato de dores, em desacordo com a legislação.
Nas diligências, os policiais civis localizaram um galpão no Jardim Terramerica onde funcionava a empresa Bálsamo Je’s Suplemento Natural Ltda, sem licença da Vigilância Sanitária, da Anvisa ou de outros órgãos competentes. No endereço, havia estrutura montada para armazenamento, rotulagem e distribuição de produtos que eram apresentados ao público como suplementos naturais ou alternativas a medicamentos de uso controlado.
No interior do imóvel, a equipe da DIG encontrou aproximadamente 15 mil frascos plásticos já preenchidos com cápsulas e suplementos, além de grande quantidade de rótulos, embalagens vazias, panfletos e materiais de propaganda, totalizando cerca de 1.000 kg de produtos. Muitos rótulos traziam alegações terapêuticas proibidas, prometendo tratar dores crônicas, problemas articulares, inflamações e outras patologias, sem qualquer respaldo técnico ou autorização sanitária.
Entre o material apreendido, havia frascos com referência à marca Bálsamo Je’s e outros que faziam alusão a medicamentos conhecidos no combate à obesidade, como Ozempic e Monjairo, usados popularmente para emagrecimento. Esses produtos eram oferecidos sem receita, sem controle de procedência e totalmente fora das normas sanitárias, representando risco direto à saúde de quem os consumisse.
A Vigilância Sanitária municipal foi acionada e compareceu ao local, representada por sua coordenação técnica e equipe. Os fiscais autuaram a empresa pela falta de licença sanitária e pela comercialização de produtos sem padrão de qualidade e sem regularização, em desacordo com a legislação estadual e municipal. Todo o material irregular foi apreendido, pesado, catalogado e encaminhado para descarte adequado, com emissão dos termos de inutilização após a conclusão dos procedimentos administrativos.
O responsável pelo negócio foi conduzido à sede da DIG, onde prestou esclarecimentos e acabou preso em flagrante pelo crime de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produtos destinados a fins terapêuticos e medicinais. Diante da quantidade de mercadorias apreendidas e do potencial dano à saúde pública, o criminoso permaneceu à disposição da Justiça, e a Operação Rótulo Falso seguirá com novas diligências para identificar toda a cadeia de produção, distribuição e venda dos suplementos irregulares.
A DIG informou ainda que as investigações buscam mapear possíveis canais de venda física e online, bem como eventuais revendedores que possam estar espalhando esses produtos para outras cidades e estados. A orientação das autoridades é para que a população desconfie de promessas milagrosas de cura e sempre verifique se suplementos e medicamentos possuem registro na Anvisa e são adquiridos em estabelecimentos regulares.
Por que o nome Operação Rótulo Falso
O nome Operação Rótulo Falso faz referência direta ao principal mecanismo usado no esquema desmontado em Americana: a utilização de rótulos com informações enganosas para convencer o consumidor de que se tratavam de produtos seguros, aprovados e capazes de curar dores e diversas doenças.
Segundo ações anteriores da Anvisa e de órgãos de Vigilância Sanitária, já foram identificados suplementos que utilizavam alegações terapêuticas indevidas, ingredientes não autorizados em alimentos e promessas de “tratamento intensivo para dores”, em desacordo com a legislação sanitária. Na prática, o “rótulo falso” transforma um produto irregular em algo que parece confiável, mascarando o risco real para a saúde.
Ao batizar a operação com esse nome, a Polícia Civil e a DIG destacam justamente o foco da investigação: desmontar a estratégia de enganar o consumidor por meio de embalagens atraentes, linguagem técnica e promessas impossíveis, sem qualquer garantia de segurança ou eficácia. A Operação Rótulo Falso se torna, assim, um alerta para que a população olhe com mais cuidado para aquilo que está escrito nos frascos e também para quem está por trás dessas marcas.
Entenda o caso dos suplementos Bálsamo Je’s
Em âmbito nacional, produtos ligados à marca Bálsamo Je’s já foram alvo de medidas da Anvisa, que determinou a proibição da fabricação, comercialização, distribuição e uso de determinados suplementos da marca que faziam promessas como “tratamento intensivo para dores”, utilizando ingredientes não autorizados em alimentos e alegações terapêuticas não aprovadas.
Em outra frente, a agência também já suspendeu propagandas de suplementos da linha Bálsamo Je’s que atribuíram benefícios como alívio de dores crônicas, melhora de fibromialgia, artrite, artrose e outras enfermidades, sem comprovação científica exigida para esse tipo de divulgação. Paralelamente, registros públicos apontam que a empresa Balsamo Jes Suplemento Natural Ltda atua na produção e comercialização de suplementos alimentares voltados ao bem-estar articular e muscular.
A ação deflagrada em Americana pela DIG, dentro da Operação Rótulo Falso, insere-se nesse cenário mais amplo de fiscalização sobre suplementos que prometem efeitos semelhantes aos de medicamentos, muitas vezes vendidos como “naturais” e isentos de riscos. A investigação agora busca esclarecer até que ponto o material encontrado no galpão seguia o mesmo padrão de irregularidades já apontado em âmbito nacional e se havia ligação com redes de distribuição fora da cidade.















